quinta-feira, 21 de abril de 2011

Delineador

delin

Minha história com maquiagem é meio hipócrita (ui!).

Quem me conhece desde minha aborrecência sabe que eu sempre fui muito contra essa coisa de ficar se emperequentando. Eu vivia dizendo que

“isso de pintar a cara, usar salto e ficar se embelezando é tudo uma máscara ridícula social que nada mais é como um pavão que abre as asas tentando acasalar, argh! e o pior, ao menos no mundo animal irracional esse papel é dos homens; no nosso são as mulheres que se expõe ao ridículo!!”

Fato.

Até hoje eu acho isso uma verdade, viu. Boa parte das garotinhas (que eu geralmente chamo de “garotas sorriso”) só pensa em cosméticos por conta do que os machos-alfa vão notar nelas. Aí junta essa coisa desesperada por sexosexosexo com uma tremenda falta de personalidade, e o que se vê? Um bando de garotas idênticas andando de lá pra cá em baladas com suas partes expostas buscando um macho-alfa que as aceite.

Tsc.

Mas hoje, eu, de certa maneira (hipócrita), resolvi adotar algumas dessas coisas fúteis de emperequetamento. Obviamente não pelos mesmos motivos… mas…

Deixa eu explicar, do começo. Nos últimos anos eu passei por muito problemas difíceis de lidar, e minha vida estava (ainda está, na verdade), uma droga. Quando eu finalmente tive um sopro de ânimo, resolvi que alguma mudança precisava ser feita pra virar o jogo. Como eu tenho convicções muito fortes, difíceis de mudar (cabeça-dura define), escolhi aquela que era mais fácil tentar. A mais “externa”, a mais fútil, a mais sem maiores propósitos. E logo eu, a sempre tão revoltada, do contra, que soa ali em cima como uma feminista desenfreada, resolvi que podia haver vida inteligente na maquiagem. (oh!)

Durante um ano eu investi pra caramba em coisas que eu nem imaginava que existiam só pra trabalhar minha auto-estima: descobri que existe uma infinidade de pincéis diferentes pra passar sombra, quando antes eu imaginava que a esponjinha resolvia tudo. Tentei ver qual era a do rímel (máscara para cílios, para as que insistem em falar lâmina de barbear ao invés de gillette), mas eu sinceramente nem consegui passar, além de duas vezes em que fui em festas chiques (Deus me deu cílios que funcionam, bjs). Corretivo até aprendi a usar, descobri que com ele meu rosto não assusta mais tanto as pessoas pela manhã. Mas o resto… nem consegui tentar usar. Ou eu me sentia uma palhaça, ou era um esforço tão descomunal que não valia a pena.
(Easter egg: quando eu fazia jornalismo sempre achava um absurdo e ficava chocada que, a aula sendo 7 da manhã, tinha garota que acordava duas horas antes da hora que podia acordar só pra passar por todo esse processo infame de base, corretivo, corretivo 2, blush, iluminador, sombra, lápis, delineador, lápis de boca, batom, gloss).

As únicas coisas que assumi são batom e esmalte – mas definitivamente não da maneira que a “garota sorriso” (um dia faço um post sobre a “garota sorriso”) usaria. Tenho esmalte bizarro e batom azul. Definitivamente normalidade não está no pacote.

Mas meu mundo, depois de uma leve erguida, voltou ao cocô. E eu vi que essas coisas podiam me dar um pouco de auto-estima, mas não era isso que eu estava precisando. Eu precisava de algo que me ajudasse e enfrentar os problemas.

Foi quando eu tentei enxergar outras maneiras de se usar a maquiagem… o óbvio é investir em machos-alfa. Há também quem trabalhe sua auto-estima, e aqueles que veem o rosto como uma tela de pintura. Mas o que eu assumi, aquilo que eu vi foi que, em tribos indígenas, a pintura do corpo e rosto está relacionado com luta, guerra, e por fim comemoração.

E foi nisso que eu investi.

Era preciso dar uma guinada, sair dessa, tentar lutar. Já faço tudo o que eu posso, mas precisava de um incentivo, uma máscara que pulsasse em mim uma adrenalina mais que necessária, uma força de vontade maior que a que eu poderia conseguir por mim, enfim… uma pintura de guerra.

E eis que, finalmente, decidi pelo delineador.

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É claro que é um tipo de futilidade. Sim, ajuda minha auto-estima ao ver meus olhos mais bonitinhos. E certamente o macho-alfa (ou pelo menos um desavisado) vai notar. Aí está um pouco de minha hipocrisia…

…mas o que importa é que, para mim, sempre que eu preciso me envolver em algo relacionado ao meu trabalho, ao meu futuro, algo difícil de lidar, lá estarão essas duas tirinhas de tinta preta em minhas pálbebras. É bobo, fútil, incomparável com pinturas indígenas pela discrição que tem – e provavelmente não significa a mesma coisa para mais ninguém.

Mas é o que eu tenho pra hoje.

Até que eu consiga dar um jeito em todo o cocô na minha vida, vai ser assim que vai ser.

3 comentários:

Eveline disse...

Tatah, fica tranquila quanto à tal hipocrisia do macho-alfa. Se algum deles vier comentar do seu delineador, provavelmente é gay.
Eu acho que mulher se arruma não para os homens repararem, mas sim para se comparar às outras mulheres.
E vc ficou mt bem assim.

Tatah disse...

Ih, verdade Eve. Esqueci da parte "ego" da maquiagem, de ser melhor que todas as outras. Tsctsc.
Quando eu fizer o post da garota sorriso eu não esqueço de falar disso tbm, heh.

Unknown disse...

super me identifiquei com teu passado hahaha
mas é impressionante que basta usar delineador, vulgo pintura de guerra, pra parecer que estamos super bem maquiadas, belas e de alto astral!

agora só falta dar descarga nesse cocô da vida hein :P