domingo, 21 de novembro de 2010

Por que Supernatural está falindo?

Definitivamente não gostei de Supernatural logo de cara. Pra mim, obviamente era uma série bobinha, pra jovens bobinhos que gostam de filmes de terror com adolescentes morrendo à esmo. Por duas temporadas inteiras eu super desdenhei a série, até pensando: po que cocô, POR QUE TEM GENTE QUE VÊ ISSO?

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Mas aí a série começou a ser passada no SBT, nas madrugadas… lembram? E eu, em minhas insônias constantes, comecei a assistir por pura falta de TV à cabo. E olha… eu vi que estava errada. Supernatural é uma série bobinha sim, tem os aspectos que agradam os jovens que só vêem por causa dos filmes de terror com adolescentes morrendo, MAS: é uma série que tem temas mais densos. Família, irmãos, diferenças… sem contar que a química entre os dois protagonistas é tão grande que até as atuações pareciam melhorar, tudo ficava mais crível. Por um tempo eu continuei a não dar tanta importância, só reconheci meu erro e assistia de vez em quando até dormir… mas a partir da 4º temporada meu interesse aumentou depois que uma amiguinha me avisou que anjos e Apocalipse tinham virado o tema – e eu, pessoalmente, acho esse o tema mais tchanz do universo.

Pelo que eu tinha entendido (e porque eu sou super metódica, meio com TOC e chata), precisava ver a série inteira, todas as temporadas até então, os episódios em ordem e não dublados para conseguir entender qual era a do Apocalipse. Baixei tudo, assisti direto e, quando acabou o processo, eu já era do fandom. Que série supimpa! Ficou claro uma trajetória entre temporadas, um arco maior que o arco entre os 24 episódios, e isso me fez adorar a série. Não importava somente o que tinha que ser resolvido durante um temporada, mas sim todo um aspecto maior – todos os detalhes durante os 5 anos para a preparação, o próprio e o final do Apocalipse. Mas o que me deixou mais animada ainda foi ver que transcendia o simples enredo: havia uma crescente entre os personagens, que saem do “já não temos nada em comum, estamos afastados há tempo demais” na 1ª temporada ao “eu me sacrifico por você porque você é minha família” na 3ª, e, ao final da 5ª temporada, o gran finale do impedimento do fim do mundo, criou-se ainda um outro ponto alcançado: “há coisas maiores que nossa própria família pela qual devemos nos sacrificar”.

Estava tudo lindo, muito bem trabalhado, todos os aspectos interessantes muito bem expostos e os bobinhos sendo deixados de lado. Aí veio a 6ª temporada.

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Já era difícil imaginar que a série teria uma continuidade por causa da dificuldade de se evoluir depois que o “fim do mundo” quase aconteceu. O que poderia ser pior, não é? Mas como já foi dito, a série nunca foi somente sobre isso. Havia a relação, os temas mais complexos. Disseram aos fãs que nesta temporada isso seria retomado… mas não é exatamente isso que está acontecendo.

Durante os nove episódios apresentados até então, o que se viu foi uma bagunça. O verdadeiro questionamento da temporada ainda não apareceu: é a guerra no céu? É o fato do Sam não estar com sua alma? É o Crowley ter virado o rei do inferno? São as armas santas roubadas? É o Dean indeciso sobre sua Lisa querida? Não há um foco, nem o interesse em tornar o arco organizado. Tudo bem: esse caos poderia sim funcionar se cada pequena parte da estrutura, os episódios, fossem objetivos e cuidadosos. Mas dentro de cada episódio o que se vê é um roteiro ainda mais confuso, uma direção mal trabalhada – e a falta disso deixa tudo mais difícil de se acreditar, o que afeta até mesmo a química entre os personagens, conseqüentemente as atuações, e a credibilidade despenca.

Já é difícil aceitar naturalmente que há monstros por aí e um grupo de gente que somente por boa vontade, por nenhum motivo realmente válido e prático, luta contra eles. Para mim, o que segurava a série a não cair no ridículo era exatamente o extremo cuidado com todos os menores aspectos – mas agora isso foi deixado de lado. Talvez porque houve uma confiança total nos fãs – que, vou ticontá, às vezes só reclamam, às vezes são cegos. Não vou negar, eu mesma só continuo a assistir porque já tenho carinho por essa gente aí. Sam, Dean, Bobby e Castiel moram no meu coraçãozinho, se tivesse grana pagava para ir na Convenção que vai ter ano que vem e tudo mais. Mas não dá pra não ver a queda brusca da qualidade da série.

SUPERNATURAL

Eu quero o melhor para Supernatural, sim. Eu já sei que é uma série que tem um potencial enorme. Falar de monstros mas falar de nós mesmos, falar daqueles personagens. Já há uma empatia tremenda com Sam, Dean, etcs; é tudo favorável. O que a mocinha, Sara Gamble, precisa entender é: há os fãs cegos sim, mas há os que enxergam. Os que vão se decepcionar com descaso. Não estou de má vontade com a série, como muitos dizem aí, que todo mundo que reclama que a série deveria ter acabado na 5ª temporada não consegue enxergar pontos positivos nessa. Nem é isso. Pelo contrário… eu quero que a série se encontre, arranje uma maneira de colocar mais conflitos internos dentro de cada um dos personagens e contraponha tudo isso ao universo dos monstros, do céu e do inferno.

E eu tenho boa vontade! Cada novo episódio eu baixo, espero as legendas, dedico um tempo da minha vida pra assistir concentrada – mas o que eu vejo não satisfaz mesmo. Por exemplo, fico triste ao ver que um personagem tão “maltratado pela vida” como o Dean não tenha espaço para sofrer na tela. Quando sofre, é ridículo – o roteiro, falta de cuidado na direção e até o contexto da narrativa deixam tudo vergonhoso. Já o Sam – Jared Padalecki, na verdade – nunca foi o que atua melhor, mas essa história de falta de alma tem dois pontos bem delicados: ao mesmo tempo colabora pra isso, afinal, ele nem pode ser muito expressivo, também parece explicitar essa falha. E os personagens “secundários”… bom, ora são muletas, ora tem um foco desnecessário. Bobby teve um episódio inteiro para si, mas houve algo além disso? Foi algo completamente deslocado. Castiel é jogado de lá para cá sem o menor cuidado, o que o torna sempre deslocado nas cenas – e é geral a idéia de que o Misha Collins mandou tão bem que o personagem cresceu sozinho. Por que não usar disso?

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Enfim, eu queria concluir esse post fazendo um breve comentário sobre cada um dos episódios apresentados até então pra justificar tudo isso que eu acabei de dizer, mas é muita coisa pra um post só (e bateu aquela preguiça delícia!). Talvez eu faça amanhã, talvez não… mas né? A opinião já está aí.

Supernatural: por favor, não vá para a falência! ;__;